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ópera

25/01/2014

texto publicado na minha coluna do Segundo Caderno do Globo em 24/01/2014

Outra conversa iniciada no programa Navegador, da Globo News, continua nesta coluna. (O caminho inverso também é movimentado: semana que vem retomarei por lá o tema do primeiro texto que escrevi por aqui, em 2010: a carreira cada vez mais imprevisível de Will Wright, um dos maiores artistas contemporâneos, criador de games como The Sims.) O mote era aquela famosa entrevista de Chico Buarque, concedida para a Folha no final de 2004. Sua resposta mais citada: “E há quem sustente isso: como a ópera, a música lírica, foi um fenômeno do século 19, talvez a canção, tal como a conhecemos, seja um fenômeno do século 20. No Brasil, isso é nítido.” Muita gente (por exemplo) questionou o diagnóstico sobre a diminuição do interesse na canção. Coitada da ópera. Silêncio dos amantes da música lírica? Parece que todos concordam que seja mesmo formato artístico condenado a repetir repertório consagrado há mais de 200 anos?

Navegando sem rumo pela internet não sei direito como fui parar em dois trailers de óperas recentes que podem indicar momento de inovação no seu formato, ou pelo menos esforço para que deixe de pregar apenas para os convertidos. Procure “Anna Nicole” e “Two Boys” no Youtube. O primeiro trailer foi produzido pela Royal Opera House, o segundo pela English National Opera, mas possuem linguagem semelhantes, com edição picotada de videoclipe, revelando que tentam atingir um público pós-MTV.

O trailer de “Anna Nicole” – que teve sua estreia mundial em 2011 mas no ano passado começou a viajar pelo mundo, tendo sido a última produção da New York City Opera, que encerrou suas atividades – é o mais radical. A descrição do vídeo avisa educadamente: “Por favor observe que a música do trailer não é a música da ópera.” O crédito aparece apenas nos comentários: foi feita sob encomenda para a divulgação de “Anna Nicole” pelo grupo Age of Consent. Nem precisava. O compositor da ópera é Mark-Anthony Turnage, que sempre flertou com o pop mais comercial. Sua obra sinfônica intitulada “Hammered out” é uma homenagem ao funk anos 70 de grupos excelentes como o Tower of Power e ficou conhecida por incluir citação bem explícita da melodia de “Single ladies”, de Beyoncé. Não tenha preconceito: a utilização desses recursos não empobrece a obra de Turnage, nem é recurso apenas de marketing. Dá para perceber claramente: ele ama com rigor tanto o pop quanto o erudito, e o resultado da mistura tem momentos bem poderosos.

O libretto de “Anna Nicole” foi escrito por Richard Thomas, conhecido também por uma produção eclética, que inclui não apenas ópera, mas teatro de vanguarda e comédia na TV. A personagem principal existiu: foi playmate da revista Playboy, casou com milionário do petróleo 62 anos mais velho, teve final trágico com overdose de remédios em hotel da Flórida. Talvez seja a primeira ópera a falar, com várias referências filosóficas, de silicone. Inclui também encenação de entrevista para Larry King na CNN. Um comentarista escreveu no Youtube: “É tão moderna quanto ‘Le nozze de Figaro’ foi no século 18.”

“Two boys” é mais moderna ainda. Seu trailer tem estilo cinematográfico mas inclui imagens filmadas para parecerem captadas por câmeras de vigilância. No palco um coro com rostos iluminados pelas telas de seus notebooks. Tudo girando em torno de um crime envolvendo dois adolescentes, e seus avatares online, misturando vida virtual e real, além de novos e obscuros espaços intermediários para a (des)construção de identidades, que redefinem papéis sexuais, entre outros.

O compositor é Nico Muhly, 33 anos, formado pela Julliard School,que na sua carreira já trabalhou com Philip Glass, Bjork, Grizzly Bear, Anthony and the Johnsons, a Britten Sinfonia e o Los Angeles Master Chorale. O librettista é Craig Lucas, que já recebeu vários OBIEs por seu trabalho no teatro.

Mais curiosa foi a estratégia que a English National Opera (no final do ano passado “Two boys” foi encenada pela Metropolitan Opera, de Nova York) inventou para divulgar sua estreia, incluindo uma série de quatro vídeos publicados em vários locais da internet com entrevistas do escritor britânico Will Self falando sobre as relações entre internet, tecnologia e sociedade contemporânea. Obviamente há muita gente tentando conectar o mundo da música lírica com uma garotada que só consegue prestar atenção em mensagens autodestrutivas do Snapchat.

De volta ao Brasil: se eu fosse compositor, faria hoje uma ópera rolezinho. O cenário seria um shopping center. Personagem principal? Poderia ser inspirado no Don Juan, adolescente paulistano com 50 mil seguidores no Facebook. Anéis de Nibelungo cairiam do teto, para aumentar a ostentação.

diretor artístico

18/01/2014

texto publicado na minha coluna do Segundo Caderno do Globo em 17/01/2014

O programa Navegador – que apresento na Globo News com Alê Youssef, José Marcelo Zacchi e Ronaldo Lemos – é a celebração de atividade que parece condenada à extinção com o predomínio de redes sociais e apps fechadas: gostamos de passear livremente pela velha internet, numa errância de um assunto/site para outro, sem saber onde vamos parar. Incentivamos que outras pessoas façam o mesmo. Por isso deixamos disponíveis todos os links comentados, para serem pontos de partidas de outras viagens. A quantidade frenética de tópicos diferentes é intencional. Não queremos esgotar cada tema, mas sim dar início a muitas e diversas conversas paralelas, que podem acontecer em qualquer lugar, inclusive nesta coluna. Por exemplo: quero retomar aqui o que falei sobre Nicola Formichetti, mais conhecido como o stylist da Lady Gaga, na edição do Navegador que pode ser vista neste link.

O pano de fundo para minha decisão de trazer seu nome à baila (prefiro usar “à baila” do que “à balha”, pois lembra mais uma dança do pensamento) era o debate, que fez algum sucesso em 2013, sobre o uso da Lei Rouanet para a captação de recursos para desfiles de moda. Nada contra a vontade geral de tornar mais claros os limites para o uso de dinheiro incentivado. Porém, muitos comentários raivosos entraram em terreno perigoso ao colocar a dúvida: moda é cultura? Ou ainda: moda é cultura relevante?

Achava que isso era polêmica de passado remoto. Não consigo pensar o melhor ou mais radical da cultura do Século XX sem incluir na lista de artistas megaimportantes nomes como Vivienne Westwood, Yohji Yamamoto ou Rei Kawakubo (da Comme des Garçons). Estou sendo até conservador, indo no correto, citando os trabalhos aceitos em meios intelectuais ou da Grande Arte. Yamamoto já foi centro de documentário de Win Wenders, honra só obtida por Pina Bausch e Nicholas Ray. Kawakubo e Westwood têm verbetes na The Heilbrunn Timeline of Art History do museu Metropolitan de Nova York. Outras pessoas são mais liberais. Veja o que o pintor Julian Schnabel escreveu sobre Azzedine Alaïa na última Art Issue da revista Interview: “é um escultor que desenha com tesouras.”

Nichola Formichetti é um passo além. Ele não é nem um estilista, mas um “stylist”. Não sei se há termo em português para diferenciar os dois trabalhos. O estilista cria as roupas, inventa os conceitos para as coleções. O “stylist” até bem pouco tempo parecia ocupar uma posição secundária, combinando peças e acessórios para sessões de fotografias ou desfiles. Não mais, talvez sinal dos tempos em que curadores (os que juntam as criações dos outros) são tão criativos quanto os criadores “de primeira instância” (podemos discutir, em outro momento, se há mesmo essa primeira instância já que a arte contemporânea tem sido, há tempos, um jogo – severo ou lúdico, tanto faz – de citações).

Filho de pai piloto de avião italiano e mãe aeromoça japonesa, Formichetti foi criado na ponte aérea Roma-Tóquio. Depois estudou arquitetura em Londres, mas abriu lojas de roupas “alternativas” e logo começou a trabalhar como stylist nos editoriais de moda da revista Dazed and Confused, onde teve carreira meteórica chegando a ser diretor criativo. Seu encontro com Lady Gaga, que tem faro aguçado para se cercar de pessoas talentosas (assim como Grace Jones com Chris Blackwell e Jean-Paul Goude nos anos 1980), deu visibilidade para suas ideias fora do mundo das revistas de moda britânicas. Tudo com estética do choque em mundo onde nada mais choca. Vide aquele vestido de carne usado por Gaga em alguma dessas milhares de cerimônias de entrega de prêmios de música.

Hoje Formichetti é uma das pessoas mais poderosas também no mundo das artes. Ele ocupa o cargo de diretor criativo (como observou José Marcelo Zacchi: que denominação espetacular essa de “diretor criativo”) da Diesel, marca italiana de jeans. Lá criou a campanha Reboot, que tem sua base na rede social Tumblr e trata a internet como a nova rua, de onde são pinçadas as novas tendências. Antes os adolescentes se mostravam nas calçadas da King’s Road. Agora tiram fotos no espelho do quarto. Formichetti transformou a campanha da Diesel em exposição virtual, apresentando novos talentos.

O virtual vai para o real e vice-versa. Uma das descobertas da Reboot, o fotógrafo Michael Mayren (que ficou famoso com retratos de adolescentes ensanguentados em lutas de box), fez exposição na vitrine da Diesel de Convent Garden, tudo bancado também pela Serpentine Gallery do curador não menos poderoso Hans-Ulrich Obrist. Moda? Arte? Promiscuidade? Relativismo? Coloquem a culpa na modernidade, essa menina sem noção e sem aura.

relevância

11/01/2014

texto publicado na minha coluna do Segundo Caderno do Globo em 10/01/2014

Na semana passada, Ronaldo Lemos, colega de apresentação do programa Navegador, publicou no Facebook link para a sua coluna da Folha de S. Paulo. O texto começava assim: “O Google soltou sua já ‘tradicional’ lista de termos mais buscados durante o ano. Na lista das celebridades, o primeiro lugar ficou com o MC Daleste, que venceu Anitta e Nanda Costa. Daleste foi também o quinto termo mais pesquisado em toda a rede brasileira no ranking geral.” O primeiro comentário dos habitantes do país de Zuckerberg era suscinto. Apenas um “viixi”. O segundo dava voz a ceticismo que circulou pela Internet duvidando dos resultados do Google: “Como confiar num ranking que não tem Snowden ou NSA e tem BBom?” Também fiquei intrigado.

Cristina De Luca, a quem sigo fielmente desde que fazia dupla dinâmica feminina pioneira com Cora Rónai no caderno “Info etc.” deste jornal, resumiu dúvidas gerais em seu blog: “Estariam os gigantes da rede agindo como o Ministério da Verdade, criado por George Orwell no livro ‘1984’? Lembram? Era o setor responsável por alterar informações já publicadas em jornais antigos e divulgá-las novamente de acordo com a conveniência do sistema.” Ela sugere respostas, fugindo da paranoia: “Ô De Luca, isso é pura teoria da conspiração, dirão muitos. A unanimidade é burra e a Internet está repleta de faits divers, celebridades, etc. A mídia não influencia em nada as redes sociais e já perdeu relevância para os buscadores, dirão outros. Pode ser… Não tenho as respostas para as minhas inquietações e acho que jamais as terei.”

Minha própria experiência nesta coluna pode sugerir pistas singelas para nosso aprofundamento nesse mistério sem solução. Meu texto sobre Snowden da semana passada teve apenas 1 “curtida” no Facebook. Meu texto sobre Daleste teve 3.900. Mesmo entre os leitores de jornal parece que há nítida diferença de interesses. Porém, Cristina De Luca toca em ponto para mim o mais sensível: a perda de influência da “mídia tradicional” diante das “novas mídias”. Parecem mundos sem contato entre si. Falo isso desde o texto de divulgação do Central da Periferia, que agora está sendo reprisado no Viva e merece ser visto como documento de época, que a academia não registrou devidamente. Aquela produção musical, que deu no funk paulistano do Daleste, não precisou de jornal/rádio/gravadora/TV/etc. para se tornar popularíssima. O fosso entre os dois mundos torna-se cada vez mais intransponível?

Alex Bellos, um dos poucos colegas (gosto desse termo usado pelo pessoal do funk para se referir aos seus melhores amigos) jornalistas que anotam minhas sugestões de pauta (e que lançará em breve nova edição de seu livro sobre o futebol brasileiro), foi quem me deu a dica: leia Charlie Brooker. Nunca tinha ouvido falar nesse nome, mas assinei imediatamente o RSS de sua coluna no The Guardian. Descobri que é celebridade multimídia britânica. E tem um dos textos mais devastadores do planeta. Faço toda essa introdução apenas para citar trecho de sua coluna de final de ano: “apesar de todos os esforços deste jornal para fazer as pessoas se importarem com as revelações de Edward Snowden sobre a bisbilhotice da NSA, a resposta típica foi algo como um inexpressivo ‘bá, típico’.”

(Tenho que abrir este longo parêntese para ousar traduzir outro trecho desta coluna de Brooker, descrevendo dança de Miley Cirus que atraiu bem mais atenção que Snowden: “Ela também estirou muito a língua – e a estirou violentamente, como uma girafa atacando um galho especialmente verdejante. Na verdade não – mais violento do que isso. Ela a estirava como se seu rosto estivesse tentando atirá-la contra um muro no lado oposto da cidade.”)

Meu esforço, em várias edições desta coluna, aproveitando o caso Snowden para debater questões importantes do nosso futuro cibernético, parece que também foi em vão. Se o The Guardian não conseguiu, por que eu teria mais sucesso? Mas para ser justo: além da curtida anônima no Facebook, um leitor, Francisco Pereira, mandou a seguinte mensagem para o email da redação do Segundo Caderno: “Muito interessante, mas creio que Hermano cometeu um engano. Fui consultar o artigo na New York Review of Books; o número 850.000 se refere aos leitores do Guardian e não aos funcionários da NSA, que segundo Der Spiegel são 40.000.” Infelizmente não, Francisco: o jornal tem cerca de 180 mil assinantes ou 8,4 milhões de visitas mensais no seu site. Alan Rusbridger repetiu o número (850.000) em várias ocasiões, inclusive em depoimento no parlamento britânico (VER LINKS EM NOTA DESTE POST). Se não forem funcionários ou gente com alguma ligação formal com a NSA, quem seriam? Mas acho que ninguém se importa com isso.

frágil

04/01/2014

texto publicado na minha coluna do Segundo Caderno do Globo em 03/01/2014

Continuando de onde parei em 2013. Dizem que as listas das empresas que pagaram propinas para a “máfia do ISS paulistano” contêm mais de quatrocentos nomes de construtoras, hospitais, igrejas. Qual a razão para nenhuma delas ter denunciado o esquema? Fico mais impressionado com outro número: em artigo para a New York Review of Books, Alan Rusbridger, editor do The Guardian, sugere que cerca de 850 mil (VER NOTA NO FINAL DESTE TEXTO) funcionários, terceirizados ou não, da NSA, a agência de segurança nacional dos EUA, tinham acesso aos documentos secretos vazados por Edward Snowden em furo do seu jornal britânico. Um segredo compartilhado por quase 1 milhão de pessoas continua top secret? Não importa: o que espanta é constatar que, mesmo ao ver autoridades jurando no Congresso que um programa de espionagem como o Prism não existia, só Snowden tenha colocado a boca no trombone.

Explicação otimista: os outros funcionários da NSA que sabiam da existência do programa, e continuam silenciosos, confiam piamente na necessidade e eficácia da espionagem para a prevenção de atentados terroristas. Melhor ainda: eles têm acesso a outros documentos que provam que muitas tragédias já foram evitadas por causa desse controle “apenas de metadados” proporcionado pelo Prism. Estranho que nenhum desses casos tenham vindo a público para a defesa da NSA. Devem ser documentos mais secretos ainda, cuja revelação tornaria mais fáceis futuros atentados e assim por diante.

Talvez o acesso a essa informação extremamente sigilosa tenha sido o fator crucial para fazer o próprio presidente Obama mudar sua opinião sobre a necessidade desse tipo de espionagem. Como mostra um detalhadíssimo artigo de Ryan Lizza, correspondente em Washington da revista New Yorker, um dos maiores críticos dos programas de vigilância da era Bush foi o senador Obama. Como explicar que não tenha conseguido impedir o avanço do Prism, que desobedecia até as diretrizes do tribunal secreto que tem função de vigiar a vigilância? Na investigação de Ryan Lizza, um momento decisivo para o presidente foi a tentativa de atentado de estudante nigeriano, armado com bomba produzida no Iêmen na cueca, em voo de Amsterdam para Detroit no Natal de 2009. O Centro Nacional de Contraterrorismo foi criticado por não ter detectado previamente a possibilidade de ataque. A Casa Branca não queria nem pensar na possibilidade de ser acusada de despreparo e incapacidade para defender seu país. Isso para não dizerem depois que o presidente foi o culpado? Somos todos vítimas de uma cueca quase assassina? Tudo é tão frágil assim?

Provavelmente ninguém tem todas as informações para saber realmente o que está acontecendo. É desgoverno de todos contra todos, em nome da segurança de todos. O texto de Alan Rusbridger faz outras revelações assustadoras. Por exemplo: membros do gabinete do primeiro-ministro britânico, inclusive aqueles que participam das reuniões semanais do Conselho de Segurança Nacional, também só souberam da existência do Prism depois dos vazamentos de Snowden. O pior: eles estavam discutindo a implantação de um programa semelhante que custaria quase dois bilhões de libras.

Outra: alguém “very senior” em megacorporação da Costa Oeste dos EUA confidenciou para Alan Rusbridger que nem seu CEO tem autorização para saber que tipo de acordo sua companhia faz com o governo. O editor do The Guardian perguntou: “Então é uma companhia dentro da companhia?” Resposta evasiva: “Eu conheço o cara, confio nele.” E nós, que devemos usar os serviços da tal megacorporação, também confiamos? É tudo uma questão de confiança: os caras sabem o que estão fazendo e tudo isso, inclusive o fato de não podermos saber de nada, é para nossa proteção? Tem alguém cuidando de tudo, ou o piloto, apesar de não ter sumido, é somente um ator fingindo que tem o controle do avião? Repito a pergunta, que pode ser ingênua, pois sei que não sei de nada: tudo é tão frágil assim?

Os governantes querem manter a pose, fingem não estar por fora, ou querem dizer que confiam nos caras que tomam as decisões. Alan Rusbridger, que nasceu na extinta Rodésia, participou de interrogatório trágico no parlamento britânico. O deputado e coordenador do comitê de “Home Affairs” Keith Vaz, que ganhou esse sobrenome lusitano de pai de Goa, achou que por ter nascido em Aden teria legitimidade para perguntar: “Você e eu nascemos fora deste país. Eu amo este país, você ama este país?”

De volta ao Brasil: “ame-o ou deixe-o”. Lembro também dos primórdios da nossa política de informática, com a Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico, de 1972, depois ligada ao Conselho de Segurança Nacional. Vanguarda?

NOTA: Alguns leitores do Globo já me escreveram achando esse número (850.000 pessoas) exagerado. Também achei, e foi meu espanto que me levou a escrever este texto. Não sei como Alan Rusbridger chegou a esse número, nem quem são suas fontes. Mas o “850.000” não aparece apenas no artigo da New York Review of Books. Reaparece, por exemplo, nesta carta que Alan Rusbridger escreveu para Julian Smith, membro do parlamento britânico, e na transcrição oficial de seu testemunho oral no mesmo parlamento britânico. Acredito que um editor de jornal da importância do The Guardian, com as fontes que tem, não vai citar um número assim nesse tipo de situação (no Parlamento) se não tiver o mínimo de certeza sobre o que está falando. Além disso, pesquisei e não encontrei contestação oficial desse número. Meu engano pode ser ter pensado que todos são funcionários, mesmo terceirizados, da NSA. Se não forem todos funcionários, ou com alguma ligação formal com a NSA, quem são? Nossa situação seria bem mais frágil. Quem manda nessa gente toda?


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