Harari etc.

Não li os livros de Yuval Noah Harari. Não por preconceito com best-sellers. (Sinto até saudade dos lançamentos de Judith Krantz…) Mas a megadivulgação não me convenceu de que encontraria por ali uma reflexão que me forneceria “valor agregado” (como dizem…) Fiquei com a impressão, talvez errônea, de ser um bom mapeamento de ideias que já foram aprofundadas de forma mais surpreendente por outros muitos autores. (O que já seria um bom serviço…)

Porém, comecei a escutar agora, atrasado, o podcast do David Runciman (aqui minha apresentação bem desatualizada – como os anos depois de sua publicação foram cruéis… Penso que mesmo Runciman anda revendo muita coisa que escreveu em “The confidence trap”…) O primeiro episódio é uma entrevista com Harari. Um trecho me chamou muito a atenção. Harari fala do poder em breve possivelmente imbatível de grande corporações que sabem tudo sobre nossas vidas e podem também prever tudo que vamos fazer, em quem vamos votar etc. Mas suas observações são de antes de todas as descobertas bem recentes sobre a atuação de bots “russos” em eleições e plebiscitos do “Ocidente”. Seria até confortável acreditar (como Theresa May em seu já famoso discurso “we know what you are doing“) que o Kremlin está por trás de tudo. Teríamos um “inimigo” único para atacar. Mas e se não houver essa coordenação? E se Putin estiver surfando numa onda que não pode controlar (e que pode, de uma hora para outra, se voltar contra seu governo)? E se tudo for resultado da ação randômica de centenas de milhares de hackers lobos solitários escondidos na Dark Net pelo planeta afora?

As Grandes Corporações e mesmo os Estados Nacionais parecem perdidinhos, sem ter a menor ideia sobre o que fazer para combater as novas ameaças. O poder dos poderosos não parece mais tão eficaz. Ou estou sendo ingênuo?
 

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