Archive for outubro \27\-03:00 2012

mini/maxi

27/10/2012

texto publicado na minha coluna do Segundo Caderno do Globo em 26/10/2012

No sábado passado participei de conversa pública com Brian Eno no Circo Voador (obrigado Marcello Dantas), bem atrás do trecho dos Arcos do Lapa onde ele projetou suas 77 milhões de pinturas. Sua fala mais surpreendente foi resposta para questão de Alê Youssef sobre a relação entre novas possibilidades de produção artística e ativismo político, principalmente em países com longo histórico de injustiças sociais como o Brasil. Nunca escutei elogio nacional tão objetivo e convicto. Nada de país do futuro. Para Eno já somos o lugar do planeta onde as experiências sociais e políticas mais avançadas acontecem, coisas impossíveis na China ou Reino Unido (as outras duas nações citadas, como referências comparativas). Aqui e agora. Simples assim.

Eu pensava que Caetano Veloso seria o único componente da banda “Artistas (quase não músicos) filhos de funcionários dos Correios e que amam os escritos de Roberto Mangabeira Unger“. Estava enganado. Eno, cujo pai era “postman” em  Woodbridge (a Santo Amaro da Purificação britânica?), também se revelou maravilhado com a leitura de Mangabeira, autor que conheceu através de citação de Richard Rorty, um de seus filósofos preferidos. Ficou mais impressionado com a descoberta posterior das conexões, mesmo turbulentas, entre Mangabeira e o governo brasileiro. Na Inglaterra, pessoas com ideias tão originais e radicais não poderiam ter nenhum laço próximo com a política oficial.

Outro brasileiro que Eno declarou admirar é José Júnior, do AfroReggae. Disse até que tem vontade de aprender português só para entender, sem tradução, o que Júnior fala. Ao que tudo indica, a admiração pode se transformar em projetos comuns. Interessante a configuração cultural que o Rio vem ganhando. Alan de Botton no Complexo do Alemão. Brian Eno em Vigário Geral. Seremos a nova Barcelona? É só hype?

Seja o que for: nossa responsabilidade, diante do mundo, já aumentou. Esse povo gringo todo espera de nós alguma lição (logo eu, falando por nós…). Antes, temos que encontrar maneira de explicar para o mundo o que somos, sem pudor. Não podemos tentar apenas agradar suas expectativas de civilização “avançada”. Pensei em indicar para Eno a leitura de Gilberto Freyre. Não deu tempo (mas talvez ele leia este texto, como leu o da coluna da semana passada, com a ajuda – geralmente engraçada – do Google Translate). Gilberto adorava jardins. Eno descreve o trabalho de jardineiro como atividade oposta àquela do arquiteto controlador, que conhece a forma final do edifício que vai construir. Os jardins incorporam o acaso, o imprevisível. Mas Gilberto ia além e classificava os jardins em dois tipos: o chinês, mais anárquico [“Irregulares, variados, cheios de imprevistos.”], e o francês, mais geométrico. O jardim brasileiro seria mais chinês, talvez com um grão de perverso barroquismo: aqui o ornamental, o pomar (e mesmo a horta medicinal) e o quintal se misturam, desafiando qualquer lógica, mesmo taoísta.

(Não sei onde eu estava com a cabeça, mas nas filmagens de Além-Mar, série de programas para TV sobre as terras onde se fala português, pedi para um imigrante angolano ler trecho sobre jardins de “Sobrados e mucambos” tendo como locação o Jardim de Lou Lim Ieoc, o mais bonito de Macau, onde Eugénio de Andrade escreveu os seguintes versos: “Deste jardim o que levo comigo / é um ramo de bambu para servir / de espelho ao resto dos meus dias.” Copiei Eugénio e também trouxe meu ramo, que me serve de marcador de páginas para seus livros.)

Eno se recusou a responder uma de minhas perguntas. Talvez tenha pensado que eu queria conversar sobre o Roxy Music. Não fui explícito: eu estava falando do Brasil. Simon Reynolds escreveu artigo sobre os 40 anos do lançamento do primeiro disco do Roxy Music. Defende que o visual glam não envelheceu bem (mesmo as capas seriam hoje politicamente incorretas), mas o som continua novo. Não concordo: quando vi a roupa que Eno usava nos shows do Roxy Music exposta no museu Victoria & Albert, achei tudo novíssimo e bem brasileiro. Onde anda aquela extravagância na sua obra atual? É um anjinho barroco enrustido dentro um “armário” minimalista?

Arto Lindsay, que também participou da conversa no Circo Voador e conhece Eno desde que ele produziu o disco No New York, depois veio ponderar: as roupas e os batons usados no Roxy Music foram uma aventura juvenil, em ambiente que exigia homens mais femininos; aquilo não teria a densidade estética que eu estava imaginando. Porém, penso eu, a não resposta à minha pergunta indica a vontade de uma ruptura extrema, como se tal passado não tivesse nenhuma consequência no artista de hoje. Estranho: Eno para mim se torna artista muito mais interessante justamente por ter tido aquele passado, que percebo ainda atuante, mesmo negado, na sua obra atual. Tal ideia só ganha força dentro de mim: desenvolvi mais uma teoria do antropólogo doido que tenta explicar os problemas do mundo atual, e a missão do Brasil, com o tal armário minimalista dominante (mesmo quando há modinhas maximalistas). É coisa séria, maluca e longa: fica para outra coluna.

o tempo de Eno

20/10/2012

texto publicado na minha coluna do Segundo Caderno do Globo em 19/10/2012

Brian Eno projetará, de hoje a domingo, 77 milhões de pinturas sobre os Arcos da Lapa. O número – 77 milhões (que está no título da instalação) – impressiona. Mas não espere avalanche frenética de imagens, como em videoclipe anos 80. As pinturas de Eno se sucedem lentamente, buscando produzir outra temporalidade, na contramão da disparada tecnológica que transformou nossa história contemporânea numa era de revoluções – quase sempre em vão – por segundo. A experiência pode ser pensada como um “corretivo” diante da diminuição “patológica” de nossa capacidade de atenção. Em entrevista, comentando a reação das pessoas – que chegaram a passar horas imersas na desaceleração dos sentidos – diante de outras montagens dessa mesma instalação, Eno profetizou com otimismo: estamos na verdade ficando mais capazes de focar (ou dispersar) nossa atenção em processos cada vez mais longos e “paradões”.

Não por acaso, Eno é membro do Conselho de Diretores da The Long Now, uma fundação que escreve nosso ano corrente como 02012 e quer estimular pensamentos sobre os próximos milênios. Já citei, no primeiro texto desta coluna, a conversa entre Eno e Will Wright (o criador do game The Sims – Eno compôs a música de “Spore”, outro jogo de Wright), um dos arquivos mais preciosos disponíveis na internet, cortesia da The Long Now Foundation. Numa de suas primeiras falas, Eno descreve – de forma resumida e provocativa – seu método de composição. Não é de “cima para baixo”, com a camisa de força de um todo pré-concebido imposta ao material sonoro; é mais como o trabalho de um jardineiro que lança a semente para ver o que acontece.

Ao contrário da música “narrativa”, linear, que tenta ostensivamente capturar nossa atenção (excitando-a ao extremo, como se estivesse numa maratona – sendo assim, a diminuição da capacidade de atenção é, paradoxalmente, atenção redobrada, anabolizada, que não consegue capturar nada), seu objetivo é criar um ambiente no qual podemos flanar despreocupados. Quem precisa de pressa?

Lentamente, porém viralmente, as ideias de Eno tomaram conta da realidade cultural contemporânea, cada vez mais semelhante a uma de suas instalações. Sua estreia na cena musical, com a banda Roxy Music, completa agora 40 anos. Desde aquela época se intitulava “organizador de eventos musicais”, um não-músico (hoje são muitos os não-músicos levando a música adiante; em 1972 tal atitude era novidade espantosa), que fazia “tratamento” nos sons dos outros instrumentos do palco. Ainda na década de 1970 partiu para carreira solo (e de produtor) exuberantemente heterogênea e influente: o disco “Music for airports” (com o manifesto da “música ambiente”), a triologia berlinense de David Bowie (e muito tempo depois o “Outside”, que sempre redescubro com maior admiração), o “My life in a bush of ghosts” (o primeiro – quando não havia sampler-  a samplear o folclore planetário?) com David Byrne , a primeira gravação da no wave, os lançamentos de maior sucesso comercial do U2, e muito mais. Chegou até a fazer o som para a inicialização o Windows 95, versão do sistema operacional da Microsoft.

Algumas das obras de Eno estão entre os discos que mais escutei (e que gosto de escutar) na vida (vale indicar “The Pearl”, lançado em parceria com o pianista Harold Budd). O não-músico é um dos meus músicos preferidos de todos os tempos, tão amado como Claudio Monteverdi, Dorival Caymmi, Miles Davis ou Lata Magenshkar. Como se isso não fosse o bastante, é também um dos pensadores – também de todos os tempos – com quem mais aprendo (dentro de uma linhagem que vai de Epicuro/Sófocles/Sêneca/Plotino a Cage/Caetano/Gil/Clarice/Deleuze). O que mais valorizo nas pessoas é a capacidade de ter boas ideias. E Eno não para de ter ideias cada vez melhores, nas áreas mais variadas (urbanismo, ciência, filosofia etc.)

Por exemplo: seu trabalho com música/pintura generativa (como a instalação que veremos na Lapa) transpõe questões de ponta da teoria da complexidade (como regras simples podem gerar sistemas cada vez mais complexos) para nossa vida cotidiana e educação de nossos sentidos. O que nos leva a reconfirmar algumas de suas intuições sobre o rumo que as coisas estão tomando. São palavras de Eno em 1992, mas a ficha ainda está caindo hoje: “a história é substituída por estórias, o curador se transforma num contador de estórias”. Por isso devemos aproveitar bem a presença desse excelente “storyteller” (termo da moda?) no Rio. Agradeço ao projeto “Outras ideias para o Rio” por espalhar tantas boas ideias/estórias (como é que bom se perder no labirinto transparente de Robert Morris em plena Cinelândia!) pelas ruas da cidade.

beleléu

13/10/2012

texto publicado na minha coluna do Segundo Caderno do Globo em 12/10/2012

Fausto Fawcett deveria ocupar o topo das listas de maiores escritores brasileiros. Se isso não acontece, é sinal que nossos mundos literários não sabem ainda o que fazer com sua obra. Muita gente não consegue nem decidir se aquilo é literatura ou simulação de literatura produzida por um software alienígena e delirante, que quer invadir nossos corpos provocando danos biológicos e culturais irreparáveis. Alien: seu texto não se enquadra em nenhuma escola, turma, tendência. Falo isso desde o prefácio que escrevi para o livro “Santa Clara Poltergeist”, publicado em 1991 (nem citava internet naquela distante época). Mas tudo fica ainda mais claro e brilhante em “Favelost”, artefato recém-lançado em papel (editora Martins Fontes), depois de existência enigmática como performance mutante em palcos da cidade.

Penso em detalhe do futuro de nosso sistema educacional: até quando literatura será matéria obrigatória? (Abro parêntese para digressão irresponsável: sempre julguei curioso o destaque que a literatura ganhou no currículo escolar. Outras artes – pintura, cinema, teatro, dança, música – não têm o mesmo peso. Claro: isso está relacionado com a centralidade da escrita, e do livro, no nosso modo privilegiado de produção e transmissão de conhecimento. E também com a importância da literatura para a formação de consciência nacional, lá nos tempos em que os Estados modernos estavam aparecendo fundamentados na ideia de “povo”, capazes de produzir identidades particulares a partir de língua e imaginário comuns. Será que esse arranjo acadêmico tem futuro longo? Nada contra livros ou escritores. Apenas sinto falta de ênfase na educação de outros sentidos, sobretudo o visual. Além disso, advogo que, há décadas, as escolas já deveriam ter disciplinas para estimular o olhar crítico e a produção dos alunos nas chamadas novas mídias, tarefa urgente. Mas não estou aqui para propor revoluções, mesmo sensatas, em nossas escolas. Fecha parêntese.) Se ainda houver, no Século XXII,  livro didático contando a saga dos movimentos literários brasileiros, tenho certeza (sou otimista) que Fausto Fawcett estará em suas páginas, mas ocupando espaço entre capítulos e escolas, assim como acontece hoje com Gregório de Matos ou Sousândrade, que ninguém com sanidade mental completa pode classificar como apenas barroco ou romântico.

Fausto é barroco demais, romântico demais, moderno demais, pós-moderno demais. Sempre demais, e do seu jeito, seguindo suas obsessões. Só posso encontrar semelhança estética em escritor como William Burroughs, também um óvni em livros didáticos adotados por high schools dos EUA (Será que eles existem? Será que não censuram Burroughs?). Mesmo assim, seria um Burroughs já dissecado pelo cinema de David Cronenberg, ou por jogo eletrônico ainda por existir. Cacá Diegues, em sua apresentação para o livro “Básico instinto” (que também foi show, disco etc.), afirma que Fausto é “um Guimarães Rosa urbano”. Concordo, é um bom ponto de partida. Seu sertão, com Lisos do Sussuarão perigosíssimos, antes era apenas Copacabana. Agora em “Favelost”, o sertão pegou a Avenida Brasil e foi se espalhar pelas margens da Via Dutra, formando uma gigantesca mancha urbana que liga o Rio a São Paulo, território descontrolado que nos anuncia o futuro mais sombrio do capitalismo planetário.

Outro dia, um amigo sábio, em instante de pessimismo radical (mas perfeitamente zen), me disse: o mundo está mesmo indo para o beleléu. Em “Favelost”, Fausto descreve o pós-beleléu, o muito além do beleléu. Cada página contém uma revelação apocalíptica mais assustadora. O livro praticamente começa com patricinhas riquíssimas e perversas, “super gossip girls”, dessas que se divertem dando “pisadas de salto alto no coração da humanidade”, em torno de fogueiras gigantescas onde queimam bolsas e maquiagens de vários milhares de dólares só para inalar a fumaça resultante, seu crack de grife que contém “substâncias alucinógenas e anfetamínicas conhecidas como Hulkvuitton”.

Por aí vai, beleléu abaixo. Em Favelost, por exemplo, hoje não é dia da criança: “Criança acabou. É apenas um estágio muito peculiar até os nove anos. Aceleração do CPF dos fedelhos.” As mentes que antes eram consideradas infantis nos perguntam, na bucha: “e aí, adulto, será que tua experiência vai resolver esse problema mesmo?” O que responder? Hoje é dia de reza: precisamos pedir para Nossa Senhora de Aparecida, que tem seu santuário também ao lado da Via Dutra, que nos proteja, ilumine e guarde, para sermos capazes de enfrentar os perigos de uma Favelost que humanamente não sabemos mais como evitar.

fatos

06/10/2012

texto publicado na minha coluna do Segundo Caderno do Globo em 05/10/2012

Segunda-feira, ao abrir a secção Digital & Mídia deste jornal, encontrei a notícia: “Escândalos sobre artigos pagos abalou a Wikipedia”. Tenho ficado surpreso com o aumento do número de denúncias contra “a enciclopédia livre que todos podem editar”. Exemplos curiosos? Em setembro houve a carta aberta de Philip Roth exigindo que a Wikipedia modificasse o verbete sobre um de seus livros. Agora temos esse escândalo envolvendo um diretor do Conselho Curador da representação britânica da Wikimedia (a fundação que administra a enciclopédia), consultor de relações públicas que teria encontrado maneira de dar destaque para informações sobre Gilbratar (cujo governo seria seu cliente) na página principal da Wikipedia. Não se espante: é tudo bem complicado de entender/provar. Parece filme trash de espionagem internacional, sub-007.

Minha confiança na Wikipedia não ficou maior ou menor. Desconfio de qualquer informação, em qualquer mídia, tradicional ou não. Há casos de fraudes nas melhores redações. Sempre procuro pontos de vistas diferentes sobre qualquer fato. Como dizia uma velha canção dos Talking Heads: “fatos não mancham os móveis/ fatos saem e batem a porta/ fatos estão escritos sobre todo o teu rosto/ fatos continuam a modificar suas formas/ Eu continuo esperando…” Então continuo esperando evidências que comprovem que a Wikipedia está condenada a ser menos confiável do que outras fontes. Ainda venero minha Enciclopédia Mirador Internacional, pesadona. Mas descentralização e edição colaborativa têm outras vantagens.

Se Philip Roth, nos inúmeros verbetes sobre sua obra, só encontrou esse problema sobre quem teria sido a pessoa que inspirou a criação de uma de suas personagens, isso até me parece ponto para o processo de edição dos textos da enciclopédia online. Tudo poderia ser bem pior, não é mesmo? Anos atrás, em verbete precário da Wikipedia em português, percebi que a data da publicação do meu livro “O mundo funk carioca” estava errada. Nunca tinha editado nada na enciclopédia antes, mas foi fácil fazer a correção: cliquei no botão “editar” (há um ao lado de cada parágrafo), procurei no texto o ano errado e coloquei 1988 no seu lugar.

Não entendi a razão para Philip Roth não ter feito o mesmo. Sua carta aberta não esclarece se houve tentativa de revisão. Claro, pode ter editado o verbete e outra pessoa voltou com a informação suprimida. Assim teria que entrar na página de conversa sobre aquele verbete específico (todos têm página onde são discutidas divergências) e defendido sua versão dos fatos. Processo democrático, trabalhoso e demorado demais? Sim, democracia dá trabalho. Roth preferiu apelar para um “interlocutor oficial” (o que será isso? advogado?) que trocou cartas (?) com “o Administrador da Enciclopédia em Inglês” (qual deles?), cuja resposta não conhecemos inteira. Roth quis interagir com a Wikipedia como se ela tivesse um dono todo-poderoso. Só posso lhe dar um conselho: aperte o cinto de segurança, senhor Roth, pois o chefe de redação sumiu.

A Wikipedia não é perfeita. Alguns textos contêm erros cabeludos. Suas regras de edição podem ser manipuladas por espertinhos. A enciclopédia foi criada há apenas 11 anos. É obra em progresso, e uma experiência coletiva que, arrisco afirmar, nunca houve igual na história da Humanidade. Já se tornou patrimônio dessa pobre Humanidade, e de certa forma todos nós somos responsáveis por seu conteúdo (mesmo quando não melhoramos seu conteúdo por falta de tempo ou preguiça).

A Wikipedia é a cara da internet. O jornalista Andrew Smith, em texto sobre as origens da internet publicado este mês na Wired britânica, lançou ideia que vai virar meme: os destinos da internet e do programa espacial americano foram selados quando o presidente republicano (e ex-militar) Eisenhower deu o comando da Nasa e da ARPA (que criou a infraestrutura inicial da Rede) para civis malucos. A internet, na mão de outras pessoas, poderia ter nascido hierárquica, centralizada e censurável. No lugar disso ganhamos a criativa bagunça da qual a Wikipedia faz parte. Smith termina seu texto com sombria profecia: “a propagação de apps ponto-a-ponto, combinada com o clamor crescente acerca de copyright e pornografia, sugerem que seus dias anárquicos de faroeste podem estar chegando ao fim. Muitos de nós estamos apenas começando a entender que estranhas e sem precedentes foram essas poucas décadas que atravessamos recentemente.” Eu termino com outro conselho, agora não só para o senhor Roth: devemos aproveitar a liberdade enquanto é tempo, e lutar para que ela não desapareça só porque agora é mais difícil arrumar o mundo do nosso jeito.